O deputado Cesar Valduga (PCdoB) afirmou, durante a sessão de quinta-feira (6), que os homens tem uma grande responsabilidade no enfrentamento a violência contra as mulheres. O parlamentar recordou a matéria da jornalista Ângela Bastos para a edição de domingo (2) sobre a violência doméstica contra as mulheres do campo.
O parlamentar apontou três pontos em que os homens podem contribuir com o enfrentamento a violência contra as mulheres: reconhecer os privilégios que os homens tem sobre as mulheres; abrir mão de privilégios para que as mulheres possam acessar espaços e condições negadas a elas pelo fato de serem mulheres; conscientizar os amigos sobre seus privilégios e a necessidade de fazerem o enfrentamento a violência contra as mulheres.
Leia na íntegra o pronunciamento:
Começamos a semana com a grave denúncia apresentada pela jornalista Ângela Bastos, do Diário Catarinense, sobre a constante violência doméstica com a qual convivem as mulheres do campo, uma violência silenciosa, constante, que resulta em traumas, sofrimentos, desesperança. Só no Oeste, foram oito mulheres camponesas foram assassinadas pelos companheiros, uma tragédia.
As notícias sobre violência doméstica são constantes, aterrorizantes, e precisam estimular ações efetivas de enfrentamento. Esta noite, no município de Chapecó, uma mulher foi assassinada a facadas pelo companheiro. Mais uma vítima da violência doméstica, fruto de uma construção social pautada no machismo, no sexismo e na misoginia.
Ontem, nesta casa, foi aprovado o projeto de nossa autoria que cria a semana da vigília feminista pelo fim da violência contra a mulher, um passo importante gravar no calendário esta atividade, mas precisamos avançar.
A defesa das mulheres, a luta pelo fim da violência contra as mulheres não pode ser entendida como tarefa apenas das mulheres.
As constantes denúncias das mulheres, em especial das feministas, precisa provocar em nós, homens, uma profunda reflexão sobre qual o nosso papel no enfrentamento ao machismo, sexismo e à misoginia.
O primeiro passo que nós, homens, precisamos dar é no sentido de nos compreendermos como detentores de privilégios.
Somos nós que ganhamos melhores salários, que ocupamos os melhores postos de trabalho. Também somos nós que temos um salvo-conduto cultural em realizar as tarefas domésticas. Poucos de nós compreende que as responsabilidades com o cotidiano dos filhos, da limpeza e arrumação da casa, não são tarefas exclusivas das esposas. Elas se submetem a dupla, tripla jornada de trabalho, sendo muito mais exploradas. Compreender que temos este privilégio também é um passo importante.
Muitas vezes desvalorizamos o momento de fala das mulheres, desrespeitamos, cortamos sua vez de falar. Raramente isso acontece com um homem.
O segundo ponto para nós, homens, contribuirmos na luta pelo fim da violência contra a mulher é tentar abrir mão destes privilégios, refletir em qual momento estamos tendo privilégio sobre as mulheres e tentar desconstruir este paradigma triste.
Um terceiro e fundamental ponto é, de fato, conversarmos com nossos amigos sobre estes privilégios, debater entre nós, homens, formas para contribuir com o enfrentamento a violência contra elas, formas de combater todos os tipos de opressão contra as mulheres. É nossa responsabilidade construir um mundo livre de machismo.
Precisamos falar com nossos amigos o quão é absurdo quando ele fala mais alto com sua esposa, manda ela se calar, não compartilha as tarefas domésticas. Precisamos falar com nossos amigos homens, diariamente, o quão é prejudicial quando eles não criam condições para que suas esposas possam estudar, quando não criam condições para que elas tenham atividades que vão além das de mãe e dona-de-casa, quando eles não se propõe a cuidar dos filhos para que suas esposas tenham vida social e de formação profissional.