Florianópolis – O anúncio da extinção de mais de 400 agências do Banco do Brasil foi tema de pronunciamento do deputado Cesar Vaduga (PCdoB), durante a sessão desta terça-feira (22), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O parlamentar apresentou moção de apelo à presidência do banco e ao Governo Federal, onde questiona a necessidade da medida e apresenta as consequências.
No domingo (20), o Governo Federal anunciou a reestruturação de 1.402 agências do Banco do Brasil em todo o território nacional, além do plano de aposentadoria voluntária, que pretende reduzir em quase 20 mil o número de funcionários da empresa. Atualmente, a instituição possui 5.430 agências. Com a reestruturação, serão apenas 4.598. Serão extintas, definitivamente, 402 agências.
Em Santa Catarina, a intenção do Governo Temer é fechar 82 agências do Banco do Brasil, sendo que 37 delas deixarão de existir, e outras 45 serão reduzidas à postos de atendimento digital.
É recorrente, da parte dos clientes do banco e também dos sindicatos dos bancários de todos os estados, a queixa sobre o reduzido número de funcionários, e a consequente queda na qualidade do atendimento, com filas intermináveis e comprometimento da saúde dos funcionários pelo excesso de trabalho. “Qual a solução que o Governo Temer dá para o problema do atendimento nas agências do Banco do Brasil? Reduzir significativamente o número de agências? Reduzir em 10% o número de funcionários? Sobrecarregar as agências remanescentes com a carteira de clientes das agências extintas?
Havemos de convir que a intenção não é, nem de longe, a economia, já que o Banco do Brasil segue com lucros acima da casa dos bilhões de reais”, questionou o deputado Cesar Valduga.
Para o parlamentar, está em processo um grave intento de desmontar uma das mais importantes estatais de nosso país.”A missão do Banco do Brasil não é apenas uma missão financeira, é acima de tudo uma missão social. Eles não vão fechar as agências lucrativas, mas vão fechar as agências que atendem os correntistas com menor movimentação, aquelas com carteira de clientes operários e com maior atendimento de beneficiários de programas sociais. Vão transformar aquelas agências em postos que deixarão de ser capazes de resolver uma série de problemas da nossa população”, alertou Valduga
O parlamentar criticou a falta de diálogo e recordou a postura impositiva e autoritária do Governo Temer adotada no processo de apresentação da PEC 55/2016, que tramita no Senado Federal e prevê o congelamento dos investimentos em saúde, educação e assistência social pelos próximos 20 anos, e a Medida Provisória 746/2016, que altera significativamente a estrutura do ensino médio. “O Governo não quer diálogo e, muito menos, explicar os motivos para a tomada das decisões. Temer tem administrado o país como se fosse algo apenas seu, sem considerar a opinião da população, os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras e o bem estar do povo”, justificou o parlamentar.
O Banco do Brasil tem a maior carteira de crédito entre os bancos em território nacional. São 776 mil correntistas que pssarão a conviver com filas ainda maiores e sofrerão com a precarização dos serviços. “Eu me pergunto: à troco de quê? Não me digam que é por causa da crise, pois o Banco do Brasil teve acréscimo de 28% no lucro entre 2014 e 2015. O lucro trimestral da instituição é superior à 2 bilhões de reais este ano. É de lucro que eu falo. Mesmo em tempos de crise, são bilhões de lucro”, questionou Valduga.
Em 2014, foram 11,2 bilhões de lucro; em 2015, mais 14,4 bilhões; só este ano, o Banco do Brasil já lucrou 6,4 bilhões nos três primeiros trimestres. A decisão, voltada apenas aos interesses do mercado, foi tomada de forma autoritária, sem diálogo com os sindicatos e a população.
A sobrecarga de trabalho, que já é realidade nas agências, deve aumentar, já que não há previsão de repor o quadro funcional. Dos 109 mil funcionários, o banco estima desligar pelo menos 9 mil ainda este ano. Em vez de contribuir com a retomada do crescimento no país, a iniciativa do banco representa corte ao emprego bancário, em um cenário de taxa de desemprego recorde, de 11,8%, que já atinge cerca de 12 milhões de brasileiros.
Em Santa Catarina, a reestruturação vai reduzir em 640 o número de bancários, atingindo 68 municípios, sendo que 40 municípios do interior terão sua agências transformadas em postos de atendimento, e 28, incluindo Florianópolis, Joinville, Blumenau e Chapecó, terão agências extintas.
Há também o indicativo de que a caixa econômica sofrerá o mesmo processo de desmonte, e isso nos preocupa muito.
Moção de apêlo
O deputado Valduga apresentou moção de apelo à presidência do Banco do Brasil e ao Governo Federal cobrando a suspensão da medida.”O Estado não deve primar apenas o lucro de suas empresas. Aliás, são empresas públicas, do povo brasileiro e neste momento de dificuldade econômica, um governo com um senso mínimo de humanismo e respeito ao ser humano, utilizaria destas estruturas para o bem do povo”, concluiu.