Florianópolis – O deputado estadual Cesar Valduga (PCdoB) usou a tribuna na tarde desta terça-feira (23), na Casa Legislativa do Estado, para falar sobre a preocupação
que Santa Catarina tem despertado em relação à incidência de casos de dengue, da febre chikungunya e do zika vírus –, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.
O parlamentar citou que o município de Chapecó declarou situação de emergência, após confirmar 10 casos de dengue, e outros 12 importados. Além destes, outros 73 casos estão em investigação. Valduga lembrou ainda que, a cidade de Pinhalzinho, também no Oeste do Estado confirmou 56 casos e outros 160 estão sendo investigados pela Secretaria de Saúde do município.
Conforme lembrou o deputado, no final do ano passado, o Ministério da Saúde afirmou haver relação entre o Zika vírus e o surto de casos de microcefalia no Nordeste. A afirmação se deu após a divulgação de um relatório do Instituto Evandro Chagas, que cruzou os dados de microcefalia com resultados positivos de contaminação pelo Zika vírus.
Até agora, o Ministério da Saúde confirmou 462 casos de microcefalia e demais alterações no sistema nervoso. No entanto, 41 casos foram associados ao Zika vírus. Outros 3.852 seguem em investigação. Por outro lado, como explanou o parlamentar, pesquisadores têm questionado essa relação e cobrado dados mais concisos sobre os casos.
COMPONENTE NA ÁGUA
O parlamentar trouxe à tribuna dados do governo do Rio Grande do Sul, que suspendeu o uso do larvicida pyriproxyfen, após a divulgação de uma nota técnica da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). A nota alertava sobre perigos do comprometimento da potabilidade da água após a adição do larvicida.
O produto que hoje é utilizado em caixas de água para eliminar larvas do mosquito da dengue, da febre chikungunya e do Zika vírus, começou a ser utilizado no Brasil em 2014, e foi alvo de inúmeras denúncias da Rede Universitária de Ambiente e Saúde, da Argentina.
“Num momento em que a OMS não apresenta pesquisas que confirma a relação entre o aumento do número de casos de microcefalia e o Zika vírus, e que, por outro lado organizações questionam esta relação, é necessário que façamos um debate ampliado e qualificado com a sociedade, expondo estas informações”, disse o deputado.
Ao citar que os poderes públicos municipais, estadual e federal, e também a disponibilização das forças armadas no combate ao aedes aegypti, o deputado solicitou na Casa a realização de um seminário, para discutir e esclarecer estes temas, trazendo pesquisadores e estudiosos que possam contribuir com o debate.
“Precisamos nos empenhar, não somente no combate ao mosquito Aedes Aegypti, mas também no fomento ao debate científico sobre microcefalias para expor à sociedade informações concretas, e de que forma podemos nos precaver da doença”, reforçou o parlamentar.
DADOS
– Desde o começo da epidemia de Zika, Santa Catarina não registrou nenhum caso de microcefalia em que a mãe tivesse sido contaminada pelo vírus.
– Como a notificação de microcefalia só passou a ser obrigatória em outubro do ano passado, com a suspeita da relação com o Zika, até janeiro foram registradas 3.893 suspeitas, tendo sido confirmados 230 casos em todo o País.
– Das 49 mortes por malformação congênita registradas no Brasil neste período, apenas seis apresentaram características que pudessem ser relacionadas à contaminação pelo Zika.