Em pronunciamento durante a sessão de quinta-feira (25), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o deputado Cesar Valduga (PCdoB) defendeu eleições diretas como único instrumento para o Brasil superar a profunda crise política que impera.
Leia pronunciamento na íntegra:
Gostaria de me pronunciar sobre a insustentabilidade de Michel Temer à frente da Presidência do Brasil, e o amplo clamor por sua saída, expresso ontem pela grande marcha que ocupou a Explanada dos Ministérios, em Brasília.
Cada vez mais, aos olhos de toda a população, inclusive daqueles que foram às ruas em defesa do impeachment da presidenta Dilma, fica mais evidente que o que se conflagrou em nosso país foi um golpe.
A cadeira da Presidência da República foi tomada de assalto para colocarem em prática um projeto de país derrotado nas urnas, para colocar em prática medidas que nunca foram discutidas pela sociedade.
Deveria causar tanto espanto quanto o conteúdo dos áudios do dono da JBS, o fato de que o grande mentor econômico de Temer, Henrique Meirelles, esteve à frente da JBS até a véspera do golpe.
Ficou claro, também, que este governo não nasce do desejo de colocar o País em ordem, mas de restaurar um antigo modelo de política que segue em desconstrução.
Numa manobra desastrosa, na tentativa de artificializar uma situação de normalidade institucional, Temer atendeu ao pedido de Rodrigo Maia, ontem, e convocou o Exército para sitiar Brasília, garantindo a votação destas medidas que nunca foram debatidas durante campanha eleitoral nenhuma, que são as reformas da previdência e trabalhista.
O mercado percebe a artificialização, e não há luz no fim do túnel, não há perspectiva de melhoras no contexto que está posto.
Diversos jornais estrangeiros já afirmam aquilo que defendemos aqui desde os primeiros dias de Temer: apenas eleições diretas pacificarão a nação, garantindo a retomada da economia e a normalidade institucional.
Se o mercado quer obrigar a população a adquirir previdência privada, esfacelando a Previdência Social, ou se quer esfolar o trabalhador com a reforma da previdência, que leve este debate para um processo eleitoral.
Duvido, duvido, que algum candidato, seja Dória, Marina, Alckmin, ou quem quer que seja, que consiga ser eleito com uma plataforma que acaba com a previdência e com os direitos trabalhistas.
Por fim, quero registrar que a prática de depredação, feita por pessoas infiltradas nas manifestações de ontem na capital nacional, não desmerece o ato, muito menos desconfigura a realidade de nosso país.
Nosso povo pede que Temer saia. Nosso povo não confia neste Congresso para escolher seu substituto e pede eleições diretas.
Precisamos chamar nossas lideranças à razão, à entender que não existe outro caminho senão eleições diretas.