Funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) de várias regiões do estado participaram, na noite desta terça-feira (11), de uma audiência pública realizada pela Comissão de Legislação Participativa da Assembleia. Eles lotaram o Plenarinho Deputado Paulo Stuart, no Palácio Barriga Verde, e apontaram vários problemas enfrentados pela empresa, como falta de efetivo e sucateamento da frota usada para distribuição das encomendas e correspondências. Os participantes também se posicionaram contra a privatização dos Correios.
A audiência foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Cesar Valduga (PCdoB), com base em uma demanda da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público e Contra a Privatização das Empresas Estatais de Santa Catarina, lançada na Assembleia no mês passado. Além dos funcionários da ECT, representantes de centrais sindicais e do sindicato trabalhista da categoria, o Sintect/SC, também compareceram ao encontro. A direção da empresa, convidada para a audiência, não encaminhou representante.
Os participantes solicitaram à Assembleia Legislativa o envio de moções contra o fechamento de agências da ECT, a realização de concurso para Santa Catarina, além de denunciar aos órgãos competentes os problemas apontados durante a audiência, como a falta de segurança em várias agências, a precarização das condições de trabalho em virtude, principalmente, da falta de funcionários, e o sucateamento da frota utilizada pela empresa.
Números
O secretário-geral do Sintect/SC, Giovani Zoboli, apontou a redução no quadro de funcionários da ECT como um dos principais problemas. Em 2007, eram 5 mil. Atualmente, esse número está entorno de 4 mil e deve cair para 3,5 mil com o programa de demissão incentivada lançado pela direção dos Correios. “Isso tem prejudicado a qualidade do trabalho realizado pela empresa. É a justificativa que querem utilizar para privatizar os Correios”, disse.
Gilson Vieira, que também integra o sindicato, fez uma exposição na qual apontou que a má gestão é a responsável pelos problemas enfrentados pela ECT. Para ele, gastos elevados com patrocínios, como o dinheiro investido nos Jogos Olímpicos Rio 2016, comprometeram a saúde financeira da empresa. “Foram R$ 9,7 bilhões jogados pelo ralo nos últimos anos”, comentou. “Não há rombo. Há falta de planejamento, de gerenciamento, farra de cargos de indicações políticas.”
Os funcionários condenaram a privatização da ECT. Eles consideram que essa medida vai comprometer o caráter social da empresa, que atua em cidades onde não é possível obter lucro, devido à baixa demanda.
O deputado Cesar Valduga destacou a importância dos Correios e lamentou a ausência dos representantes da direção da empresa na audiência. “Nós estamos apenas dando início a uma mobilização conjunta entre funcionários, entidades sindicais e Assembleia para defender essa empresa que tanto orgulha os brasileiros”, disse.
O deputado Dirceu Dresch (PT) também participou da audiência. Ele criticou a possibilidade de privatização da ECT e ressaltou que os Correios desempenham um importante papel social, que é inerente às empresas públicas.
Marcelo Espinoza
AGÊNCIA AL