Florianópolis – Em pronunciamento nesta terça-feira (4), o deputado Cesar Valduga utilizou o horário destinado ao seu partido, o PCdoB, para repercutir a resolução do Comitê Central do Partido sobre a conjuntura internacional e nacional, o legado dos governos Lula e Dilma, e a necessidade de uma frente ampla para a retomada do caminho democrático e de uma agenda de desenvolvimento para o Brasil.
Leia na íntegra:
Gostaria de tratar, neste horário destinado ao PCdoB, dos resultados da reunião ampliada do nosso Comitê Central, cujos apontamentos traçam um caminho para a superação da crise em que se aprofunda em nosso país.
Primeiramente, apontou-se o aprofundamento da crise do capitalismo, e a disputa pela hegemonia internacional. De um lado, os Estados Unidos tentam superar o declínio hegemônico econômico, e por outro, China e Rússia intensificam as relações multilaterais, no empenho da construção de uma nova ordem econômica mundial.
Os agravos desta disputa na economia dos países em desenvolvimento é catastrófica, já que o protecionismo e o intervencionismo das grandes potências reduz a capacidade de competição destes países.
Na América Latina, a eleição de Macri na Argentina e a tomada da cadeira presidencial pelo vice, Michel Temer, põe em risco uma política de integração que vinha sendo posta em prática nos governos anteriores. Argentina e Brasil voltam a ficar de costas para seus vizinhos e para os demais países, e voltam a olhar exclusivamente para os Estados Unidos.
No Brasil, a política de José Serra quando à frente do Itamaraty, bem como a atuação de Aloysio Nunes, tem viabilizado a investida do rentismo norte-americano e a entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro.
Dizia-se dos embaixadores norte-americanos, que em cada visita aos países periféricos, levavam embaixo do braço a Coca-Cola e o McDonalds. Eram verdadeiros representantes comerciais. No caso brasileiro, Serra e Aloysio, como mordomos, levam as riquezas do Brasil em uma bandeja.
Do legado dos dois últimos governos democraticamente eleitos, Lula e Dilma, foram destacados quatro pontos fundamentais:
1 – o papel do estado como indutor do desenvolvimento;
2 – política externa altiva e afirmativa, de soberania nacional e integração regional;
3 – crescimento econômico associado à distribuição de renda;
4 – resgate do processo de reconstrução da democracia.
A consumação do golpe, em 31 de agosto de 2016, trouxe à pauta do país o projeto político derrotado nas urnas em 2014.
Com uma agenda neoliberal, Temer ataca impiedosamente os direitos dos trabalhadores, desmonta as empresas nacionais, e prepara o Brasil para uma grande era de retrocesso, cujos beneficiários serão os conglomerados econômicos, rentistas internacionais e especuladores.
Nenhum brasileiro ou brasileira que tira seu ganha-pão do suor de seu rosto será beneficiado com o governo Temer e as políticas que ele representa.
Para barrar estes retrocessos, o PCdoB conclama todas as forças vivas da sociedade para a construção de uma frente ampla, no sentido mais abrangente da palavra.
Que as pessoas que foram às ruas pedindo a saída de Dilma voltem às ruas para defender seus direitos. A questão, hoje, não tem como foco se foi golpe ou impeachment, mas pesa sobre nós os reflexos da conjuntura atual.
Estamos numa crescente de formação de consciência de classe, de reconhecimento da necessidade da luta, e não há mais as divisões entre mortadelas e coxinhas, entre vermelhinhos e amarelinhos.
Uma bandeira única se põe à nossa frente, que é a bandeira da retomada do desenvolvimento nacional, com geração de emprego, renda, e com mais esperança e prosperidade para nossa gente.