Santa Catarina foi um dos poucos Estados que conseguiu se esquivar dos efeitos mais graves da crise econômica que assola o País, condição que sofre extrema fragilização com o anúncio pirofágico da deflagração da operação “Carne Fraca”.
A cadeia que sustenta a indústria da proteína catarinense é responsável pela geração de quase 60 mil empregos diretos, além de 41% das exportações do Estado e por 35% da arrecadação de Santa Catarina. Entre as dez empresas catarinenses que mais exportam, seis são do setor da proteína animal.
Foi da indústria da carne e toda a cadeia produtiva que ela fomenta que se identificou uma das principais contribuições para conter a queda na taxa de emprego.
Das quase cinco mil unidades submetidas à fiscalização federal, apenas vinte e uma foram investigadas e, dessas, três foram interditadas para averiguações.
A apresentação dos resultados da operação “Carne Fraca” careceu de detalhamento e responsabilidade com os fatos, servindo mais à especulação e à fragilização da indústria nacional de proteína animal que propriamente ao zelo pela segurança alimentar da população.
A conseqüência imediata é que China, Coréia do Sul, Japão e União Européia já estudam suspender a compra de carne e derivados brasileiros. Tal medida, consumada, implica na demissão de trabalhadores e na paralisação do fluxo de produtos e serviços que compõe esta cadeia produtiva. Os efeitos poderão atingir do agricultor ao caminhoneiro, do magarefe ao comércio dos municípios, num verdadeiro efeito dominó desencadeado pelas generalizações midiáticas adotadas pelos membros da Polícia Federal, agentes da desestabilização econômica.
É necessário atentar para a necessidade de fortalecer a vigilância pública em saúde, tema constante da pauta do Conselho Nacional de Saúde, e que deverá ser tema de Conferência Nacional no segundo semestre do ano.
Há de se ter seriedade na divulgação das informações, dando mais importância à apuração dos fatos e punição dos envolvidos em toda irregularidade encontrada, garantindo a segurança alimentar e a qualidade do produto nacional, do que alarmar a população e a comunidade internacional com generalizações irresponsáveis.